EVANGELHO Jo 20, 19-23Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Palavra da salvação.
O Espírito:
O divino desconhecido
Um dia estava São Paulo pregando e falou sobre o Espírito Santo, mas os ouvintes, já cristãos, responderam-lhe e interpelaram-no: «Mas quem é o Espírito Santo? Nunca ouvimos falar d’Ele» (Act 19,2). Talvez a situação interior de muitos cristãos, hoje, seja a mesma. Não se fala do Espírito, pouco se Lhe reza, é o «divino desconhecido. Não se dá a conhecer Aquele que nos faz cristãos pelo baptismo, Aquele que fez nascer a Igreja em dia de Pentecostes, Aquele que é a «alma da nossa alma», Aquele que reza em nós e nos ensina a rezar, Aquele que é a força divina na vida do cristão. Desconhecemos o divino tesouro, não nos relacionamos a sério com o Mestre divino, a sabedoria e a luz do Alto.
Na maioria das paróquias, não se faz uma novena ou uma preparação adequada da Solenidade do Pentecostes e a maioria dos que participam na Eucaristia, nesse dia, talvez não se dêem conta que estamos a celebrar a segunda grande Solenidade do ano litúrgico, pois é, de verdade a seguir ao Domingo de Páscoa, a maior na vida da Igreja (...)

Num curso a catequistas, não há muito tempo, entre os cerca de oitenta participantes, quase nenhum sabia quantos e quais eram os dons do Espírito menos ainda quais os frutos do Espírito Santo. Total e crassa ignorância daqueles que são os pedagogos da fé. Mesmo entre os que se preparam para receber o sacramento da Confirmação, do Crisma, sacramento da maturidade cristã, em que o Espírito unge o crismando ou a crismanda para o fazer «adulto» na fé, muitos não têm grande noção de quem é o Espírito e do seu lugar na vida cristã, pessoal e eclesial. Um «divino desconhecido» para não dizer desprezado, esquecido. E não basta saber de cor quais e quantos os dons do Espírito, se não sabemos a graça que é cada um deles, o que nos dão, o que significam como meios do Espírito actuar no nosso interior. (...)
Nos símbolos de ar, vento, sopro, fogo, água, pomba e tantos outros que a Escritura Santa nos apresenta, temos toda uma simbologia que nos pode e deve catequizar acerca do Espírito. Não pode continuar a ser o «ilustre desconhecido», o «divino esquecido e desprezado». Se o Espírito é a «alma da Igreja», isso significa que é Ele que age na Igreja em todas as coisas: nos sacramentos, pois é Ele que unge e baptiza, que perdoa e purifica, que sela a união dos esposos, que consagra o pão e o vinho e os converte em Corpo e Sangue de Jesus, que actua na Unção do Crisma e na ordenação diaconal, sacerdotal e episcopal. Sem o Espírito não há fé, não há oração, não há crescimento espiritual, não há santidade. Sem Espírito não há conversão nem cura das nossas misérias e pecados. Sem Espírito não podemos saborear a Palavra e conhecer melhor a Escritura, no seu sentido espiritual. Sem Espírito não há verdadeira evangelização nem acção apostólica frutuosa. (...)
Este ano, pela graça de Deus, a grande Solenidade do Pentecostes será celebrada no último dia e último Domingo do mês de Maio. Temos o privilégio de, com Maria, Mãe da Igreja, ao longo do mês de Maio, prepararmos o Pentecostes, como o fizeram os Apóstolos há dois mil anos, em oração no Cenáculo. Com Maria meditar, rezar, pedir o Espírito. Com Maria abrirmos o coração e a alma à graça do Espírito que quer fazer novas todas as coisas ...