
“Eis a tua Mãe...”
Maria acompanhou a Igreja nascente por todo o Tempo Pascal até ao Pentecostes. Desde que Jesus no-la entregou como Mãe, junto à cruz, e João “a recebeu em sua casa”, foi sempre assídua às reuniões de todos no Cenáculo até à vinda do Espírito Santo. (...) Só depois do Pentecostes ela deixa de aparecer na vida pública. Ora, é especialmente esse “Tempo de Maria” connosco, que a religiosidade popular quer reviver no Mês de Maria (...).
Foi ela a primeira a fazer-nos sentir que o Senhor não nos deixou órfãos (...) Foi ela, também, que soube criar aquele “ar de família” e de “sentido de Igreja” que depois se havia de notar nas primeiras comunidades cristãs. Por isso, enquanto a Igreja era ainda tão pequenina, “doméstica” e familiar, tanto gostava de se reunir com todos no Cenáculo. Ali, no lugar da Eucaristia, à mesa da primeira comunhão da nova e eterna aliança, da oração sacerdotal em que o Senhor tanto pediu “que todos sejam um como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, que também eles sejam um em nós”, ela habituou a todos a buscar o verdadeiro lar da Igreja. Ali, nessas reuniões assíduas, nasceu o “sentido de Igreja” mais unânime e alegre de sempre.
Como corresponder-lhe? Maio é o mês de Maria, Mãe da Igreja, em que se devia reviver a alegria pascal das paróquias ou comunidades cristãs a renascer unidas “num só coração e numa só alma”, como as primitivas comunidades cristãs. O clima de Maio devia ser o de partilhar o pão entre cristãos, o de maior assiduidade ao ensino dos apóstolos, um reviver do “sentido de Igreja”, praticante como o dos primeiros cristãos. É por isso que a Liturgia neste tempo pascal, que invade ainda o Mês de Maria, toma como leitura preferida a dos Actos dos Apóstolos em que se conta o nascer das primeiras comunidades cristãs.
Finalmente, foi ela que melhor preparou a todos para a vinda do Espírito Santo, o sopro de saída para “Igreja Universal”. (...) Como corresponder-lhe? Maio devia ser um reviver do ferver de Pentecostes como o que animava as primeiras comunidades. O Furacão do Pentecostes ainda não acabou. E continua a sentir-se pelos séculos fora. Umas vezes em brisa suave para quem está mais atento, outras em furacão de que todos se dão conta. É o que se nota em Fátima, Lourdes e nalgumas Igrejas locais mais fervorosas. O que importa é saber captar-lhe a orientação e ser-lhe dócil na vida pessoal e apostólica...
Francisco de Sales Baptista S. J. in Mensageiro